quinta-feira, 29 de abril de 2010

Peñarol x Nacional





Sobre mais uma "andança" futebolística


DISTINTOS e PARECIDOS

“Já não me importa se perder, já não me importa se ganhar. É uma festa”. Um dos refrões da torcida do Peñarol, que há algum tempo não sabia o que era entrar em campo contra o Nacional na condição de favorito, explica o momento dos dois maiores clubes do Uruguai.O futebol não tem o prestígio de outrora, mas em momentos como o clássico a paixão se reaviva.

No último domingo, no estádio Centenário, “os carboneros”, como são conhecidos os torcedores do Peñarol, eram pouco mais da metade dos 60 mil hinchas. O 0 a 0 no placar não impediu a celebração dos torcedores. Campeão do Clausura 2010, o time ouro e negro manteve sua invencibilidade de 13 jogos na competição. Para os rivais, o resultado não foi de todo negativo. O Nacional já está há seis clássicos sem conhecer uma derrota.

Durante os 90 minutos do clássico, a cantoría nas arquibancadas foi intensa, como se a disputa mais importante acontecesse mesmo entre “carboneros e bolsos”. Apesar do forte esquema de segurança armado pela policía, bandeiras e fogos de artifício são liberados.

Na cancha, o gramado danificado por causa da chuva que caiu forte horas antes do jogo deixou a partida ainda mais brigada. Equilíbrio no número de chances no primeiro tempo, equipes armadas defensivamente na segunda etapa.

Mas o momento de reviver a paixão por Nacional e Peñarol parece uma excessão. Assim como a velha capital uruguaia parece viver esquecida no tempo, aos poucos o mesmo parece acontecer com o futebol. No dia a dia, é muito comum ver nas ruas, as pessoas vestindo camisas de clubes argentinos, é o futebol vizinho que domina as transmisssões de TV.

Entre os torcedores, uma opinião comum “Claro que gostamos de nossos clubes, mas nosso futebol é muito lento. O campeonato argentino é mais competitivo”, palavras recorrentes na boca de varios uruguaios, dos mais fanáticos, aos que já não dão mais tanta importancia ao futebol.

Na saída do deteriorado Centenário, nenhum lamento e uma surpreendente atmosfera de paz entre os rivais, que se mesclavam pelas ruas vizinhas. A expectativa agora volta-se para a disputa do Anual, que provavelmente colocará os rivais mais uma vez frente a frente. Entre carboneros e bolsos, o reconhecimento do equilíbrio, a valorização do futebol brigado que já foi motivo de tanto orgulho. Na opinião dos torcedores, um verdadeiro classico, mesmo que as palavras carregassem certo tom de melancolia.

sábado, 21 de novembro de 2009

Rei entre os Azuis


No Brasil, o fracasso de Muricy Ramalho no comando do Palmeiras faz pensar até que ponto um treinador pode fazer a diferença sem ter nas mãos vários opções no elenco. Enfim...

Na Alemanha, Felix Magath nos faz repensar tal tese (em que eu ainda acredito). Com um elenco mediano e titulares não tão superiores (com exceção do goleiro Neuer , de Westermann e com boa vontade de Kevin Kuranyi), o treinador deixou, nesta rodada, o Schalke na terceira posição na tabela de classificação e na real briga pelo título da Bundesliga.

O Schalke enfrentou um Hannover ainda abalado, pouco fez no primeiro tempo. Mas, depois das alterações de Magath no intervalo, Höwedes substituiu Pliatsikas e Westermann passou a atuar mais pelo meio. O resultado foi imediato com a liberdade dada a Kuranyi e principalmente a Rafinha.

Magath manteve a segurança defensiva do time da temporada passada e aplicou uma boa dose de disciplina tática e a transformou em uma equipe de combate. Magath é sim importante e o Schalke tá na briga.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Quero ser grande

Resgatei uma materinha que fiz na faculdade...



Uma Maratona de jogos, excursões por países como Itália, Finlândia, Alemanha, Japão e Noruega, e mais de 170 títulos internacionais conquistados. Embora possa parecer, a equipe em questão não é nenhum esquadrão milionário da Europa e sim, um pequeno time de garotos localizado na periferia de São Paulo: Os Pequeninos do Jóquei.



A referência “ hípica” do nome não é por acaso, ela faz referência ao princípio quando em 1970, o ex-jóquei José Guimarães Júnior, afastado das pistas devido a um acidente, recebia inúmeros pedidos de apoio de meninos carentes para iniciarem no Turfe. A solução: o futebol, que ao invés de uma poderia garantir 22 vagas. E foi assim que o projeto começou, com dois times e o pequeno apoio do Jóquei Clube de São Paulo.



Hoje, 800 crianças de 5 a 16 anos recebem atentos e como verdadeiros filhos os ensinamentos do Seu Guima. Entre elas 240 pertencem as comunidades carentes de bairros como Paraisópolis, Jardim Colombo e Vila Sônia, que além de aprenderem futebol fazem parte de um projeto de inclusão digital. A intenção é clara, “formar cidadãos”. Mas também muitos jogadores já saíram dos campinhos da chácara. Entre eles, chegaram à seleção brasileira André Luis, Júlio Batista e Zé Roberto.



Aliás, o meio campista que defende o Bayer de Munique, chegou aos Pequeninos aos 7 anos e só saiu aos 16. O jogador guarda boas recordações das lições aprendidas na época: “Me sentia como se fosse em casa de tão a vontade que eles me deixavam. Por isso desde criança eu sempre aprendi ali o quanto é importante a disciplina, o seu Guimarães sempre nos incentivou a tira boas notas na escola”.

E não é exagero algum dizer que os Pequeninos são como uma grande família. O apoio dos pais é fundamental no dia a dia. A grande maioria dos treinadores são justamente pais de jogadores, que também colaboram com a organização e muitas vezes promovem rifas e festas para arrecadar fundos para as viagens. Já nas arquibancadas viram fãs, comentaristas e árbitros.



O outro terrão



Domingo de manhã e os campinhos meio terra e meio grama estão cheios. No momento, dois torneios são disputados simultaneamente, o Campeonato Estadual (IDEF) e a Copa Cuebra. Em um deles, os Pequeninos enfrentam o Grêmio Barueri e meninos de apenas 9 anos, disputam uma partida que está bem longe de ser uma brincadeira de crianças. Eles correm, marcam e dividem com uma preocupação quase profissional.



Ao lado, garotos um pouco maiores ouvem atentos a preleção de seu treinador que destaca a importância a atuação dos volantes.“Quem tem que armar as jogadas são vocês!”. Pelo visto, os Pequeninos já pensam na renovação da mais discutida posição do futebol atual.



Esta molecada boa de bola poderia ser um grande atrativo para olheiros e empresários, mas esta situação é tratada com atenção por quem vive o dia a dia no clube, e a entrada chega a ser proibida para estes agentes “ Existe um tipo de parceria com o São Paulo, quando um menino se destaca, o próprio Guimarães o indica. E quando um menino é convidado para fazer um teste em algum clube, ele também, pessoalmente, dá orientações”, afirma José Carlos, coordenador das categorias.



O assédio acontece também durante as excursões pela Europa, times como Benfica de Portugal e o Ajax da Holanda observam, mas dificilmente levam os pequenos craques diretamente para os times. “Poucos meninos saem diretamente para o exterior, pois tentamos não deixá-los sair tão precocemente do Brasil”, completou.



Os Pequeninos na Norway Cup:



4.000 jogos, 380 árbitros, mais de 1500 times. Há 35 anos, agosto, auge do verão europeu, é o mês da Norway Cup, uma das maiores competições do planeta, que acontece na capital Oslo e reúne times de mais de 40 países. Mais que um campeonato de futebol, o evento é um verdadeiro intercâmbio cultural e vai muito além do sonho de ser um ídolo do futebol.



A história dos Pequeninos se confunde com a da Copa e a presença deles hoje é quase que indispensável. Desde 1982, ano que participou pela primeira vez da competição, seu Guima e seus meninos trouxeram mais de 20 títulos em diversas categorias. Em 2007, 44 jogadores viajaram à Noruega e os meninos do sub-16 foram longe, venceram os senegaleses do Diambars na semifinal e o time norueguês Hvik Halden na final. Mais um troféu para a sala que já estava lotada.



Vinícius, craque do time, ainda sonha com uma vaga em alguma equipe profissional, participa pela terceira vez da Norway Cup e se sente gratificado pela experiência. O menino que ainda tenta uma vaga garante que a cada ano “as equipes se tornam mais competitivas”.

Outro “pequenino”, Vítor Angi, viajou à Noruega pela primeira vez. Sua categoria foi eliminada nas quartas-de-final também pelo Diambars. O menino se diz encantado com a experiência mas reclamou dos “estranhos” hábitos alimentares noruegueses “Aqui eles só comem pão, patê e salsicha”.



Viagens, conhecimento, contato com outras culturas. O que se sabe é que a maioria destes garotos não chegarão a se tornar craques. Mas as experiências vividas no Pequeninos do Jóquei e as lições de respeito e responsabilidade de seu Guimarães ficarão para sempre em suas vidas. “Eu posso dizer sem medo de errar que a grande base da minha disciplina ate hoje veio do aprendizado que obtive na escolinha Pequeninos do Joquey”, Zé Roberto.



Como se pode notar o Pequeninos representa muito mais que um possível celeiro de craques. Ele agrega conceitos, famílias, desenvolve homens acima de qualquer coisa e parece ser um farol na escura realidade de muitos meninos brasileiros.



Informação



Os meninos dos Pequeninos do Jóquei são divididos em cinco categorias: Mamadeira (nascidos em 99), Fraldinha (nascidos em 97), Dentinho (nascidos em 95), Dente (nascidos em 93) e Dentão, os mais velhos (nascidos em 91). Cada categoria ainda é divida pelo nível de seus atletas em “Guima”, “Peralta” e “CPJóquei”, esta é geralmente a mais qualificada e que representa o clube nas competições internacionais.

domingo, 9 de agosto de 2009

Seu time não será campeão

Conversa de buteco (que eu ouvi neste final de semana): “ Não existe campeonato mais equilibrado do que o brasileiro”. Esquece-se, o Campeonato Brasileiro mudou. E quantas vezes já se falou sobre esta história.

A hegemonia de algumas equipes é comum em torneios de pontos corridos. Um processo natural, observado nas competições europeias adeptas da fórmula há tempos, mas ainda não absorvido pelos torcedores brasileiros, que acreditam sempre que seu time será campeão.

No domingo, a torcida do Coritiba vaiou seu time no Couto Pereira, na derrota por 3 a 1 diante do Cruzeiro, durante todo o segundo tempo. Pedem a demissão de René Simões. Mas qual seria a posição justa para o time da capital paranaense na tabela?

Enquanto isso, o São Paulo acumula vitórias, sobe na tabela. Justo, quatro ou cinco times brigarão pelo titulo nos próximos anos e conforme-se. Essa é a fórmula de pontos corridos.

Claro que o esquema é suscetível a surpresas, mas serão só surpresas - afinal, o Wolfsburg foi o campeão alemão na última temporada- times desorganizados, mal geridos, não lutarão pelo titulo e não adianta vaiar.

Torcedores, acostumem-se com o tamanho de seus times. Ah, mas na verdade já cansei desta história.

sábado, 18 de julho de 2009

É sábado...de Gre-nal

Friozinho bom em Porto Alegre. Véspera de Gre-nal. Clima diferente no ar. Nas ruas do centro, as cores dos rivais estão nas vitrines de quase todas as lojas, os cem anos da rivalidade é assunto nos ônibus, nas esquinas, no táxi.

Na Azenha muita gente para acompanhar o último treino do Grêmio, lojinha lotada, memorial cheio, muita gente visitando o Olímpico vazio, sonhando em como ele estará amanhã, no meio de tanta gente é impossível perceber qual a tática de Paulo Autuori para o clássico, secundário...

Augusto me conta como é a semana do Gre-nal: “Os nervos ficam a flor da pele, muda a rotina da gente. A gente vem ao estádio acompanhar o treino de sábado de manhã para ver se está tudo bem com o time e ver se a gente se acalma um pouco”. O amigo Francisco completa “A gente fica a semana inteira nervoso, combinando com os colegas como ir ao jogo”.

Ônibus e caminhada até o Beira-Rio, ao contrário do rival, as coisas estão muito calmas por lá. Nada de torcida, menos de dez pessoas visitando o estádio (que eu imaginava ser maior).

Antes de voltar, uma passadinha no Museu do Esporte, no Shopping Total. Um pequeno, mas interessante acervo principalmente de camisas, ao lado um bar.

Também estou ficando ansiosa, e se é para curtir de verdade o Gre-nal, amanhã estarei nass arquibancada.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Outro lado

A medida que se passa a frequentar estádios com regularidade, parece que a capacidade de se indignar com o que acontece por lá diminui (penso que aconteceu comigo quando mudei para São Paulo e passei a sentar em arquibancadas que não eram do Stamatão, em Bebedouro, para os desinformados ou da Fonte Luminosa).

Mas o que as imagens mostraram nos portões de entrada do estádio Olímpico durante a partida entre Grêmio e Cruzeiro me lembraram um episódio e me deram ainda mais certeza de que os problemas nem sempre saem de onde a grande maioria pensa, ou seja, começam entre os torcedores.

Na primeira final da Copa do Brasil entre Corinthians x Internacional no Pacaembu, o Choque fechou parte da saída de torcedores do Corinthians para liberar a torcida visitante. Porém, o jogo terminou pouco antes da meia noite e em São Paulo, o metro encerra seu trabalho 00h15.

Tentei passar a barreira com a minha credencial de jornalista. Não consegui. Conversei com uma policial e nada. Falei com o tenente (ou alguma coisa do gênero) nada. Não queriam me dar “tratamento diferenciado”. Mas eu só queria ir embora (fui ao jogo sozinha, como de costume).

Ouvi da “autoridade” que o metro iria funcionar até mais tarde, não acreditei e fiquei plantada ao lado dele (rs!). Cansado da minha cara, ele me aconselhou a pegar minha credencial e ir embora pela torcida visitante. Quando cheguei, o metro estava fechado.

Fiquei meio desesperada, mas depois consegui pegar um ônibus. Tive o tal tratamento “diferenciado”, mas pensei em como os torcedores conseguem chegar em casa.

Neste momento a policia abre os portões do Olímpico. Afe!

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Confusões do professor

Luxemburgo não é mais o mesmo, discurso comum e atual. Nesta quinta-feira, no Palestra Itália, este argumento foi justificado na partida contra o Nacional com o esquema feito e desfeito antes do final do primeiro tempo. E a tentativa de recompor sua equipe ao final.

O Nacional é uma equipe sem muita técnica, ou brilho, mas que sabe fechar-se. Ao contrário da lógica, Luxemburgo decidiu por reforçar seu ferrolho com a escalação de três zagueiros e dois volantes. Observando a já prevista falta de ousadia do clube uruguaio, ainda no primeiro tempo, Luxa tirou um volante e colocou Obina (!) para ajudar Keirrison e passar Diego Souza para o meio-campo.

No segundo, e com a derrota por 1 a 0 no placar, o “professor” colocou o volante Jumar no lugar de Keirrison, que mesmo longe de seus melhores momentos, era dele que poderia sair alguma coisa.

Depois do jogo, mais de suas entrevistas, “Obina entrou em campo para mexer com o ânimo da torcida” e mais algumas frases de efeito para reverter o que havia acontecido em campo. Já cansou.